Blog Alma Missionária

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013



O JUÍZO PARTICULAR


Imediatamente depois da morte tem lugar o Juízo particular no qual a Justiça divina decide a sorte eterna dos que faleceram (sentença próxima da fé). Ao separar-se do corpo a alma humana é imediatamente julgada por Deus.

Em substância o juízo, consiste na apreciação dos méritos ou desméritos contraídos durante a vida terrestre, em virtude dos quais o Supremo Juiz pronuncia a sentença que decide o nosso destino eterno. As almas não comparecem perante o Divino Juiz localmente, à maneira de um tribunal terrestre, mas intelectualmente, não para ser objeto de debates contraditórios, mas para receber a correspondente sanção.
Não haverá juízos de discussão, mas somente de retribuição. O Deus vivo, dá à alma a consciência clara dos seus méritos ou desméritos. Da mesma forma a sentença será puramente interior, de forma que fica impressa na inteligência de cada um. Ir a tribunal diante de Deus significa que a alma reconhece interiormente diante de Deus o que ela é, o que vale, o que fez, o que usou bem ou mal e disto se segue, por conseguinte a sua sorte eterna.

Opõem-se esta doutrina à teoria ensinada por diversas seitas antigas e modernas segundo a qual, apoiando-se em (Ap. 20, 1ss) e nas profecias do Antigo Testamento sobre o futuro reino do Messias, sustinha que Cristo e os justos estabeleceriam sobre a terra um reinado de mil anos antes de venha a ressurreição universal e só então virá a bem-aventurança definitiva.

A doutrina do Juízo particular não foi definida diretamente, mas é pressuposto do dogma de que as almas dos defuntos vão imediatamente depois da morte ao céu ou ao inferno ou ao purgatório.

O Catecismo da Igreja Católica diz no nº 1022 «Cada homem recebe, na sua alma imortal, a retribuição eterna logo depois da sua morte, num juízo particular que põe a sua vida na referência de Cristo, quer através duma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do Céu, quer para se condenar imediatamente para sempre.
No entardecer da nossa vida, seremos julgados sobre o amor S.João da Cruz, Ditos 64 »

A Sagrada Escritura fornece-nos um testemunho indireto do juízo particular, pois ensina que as almas dos defuntos recebem a sua recompensa ou o seu castigo imediatamente depois da morte; cf Eclo. 1,13; 11,28s. O pobre Lázaro é levado ao seio de Abraão imediatamente depois da sua morte, enquanto o rico epulão é entregado também imediatamente aos tormentos do inferno (Lc 16,22s).
O Redentor moribundo diz ao bom ladrão: «Hoje estarás comigo no paraíso» Lc 23,43. Judas foi ao "lugar que lhe correspondia" At 1,25. Em Ezequiel, diz Deus « Por isso, Eu vos julgarei a cada um segundo a sua maneira de agir.» Ez 18,30. Para S.Paulo, a morte é a porta da bem aventurança em união com Cristo. Fl, 1,23: «desejo morrer para estar com Cristo»

Impressionante mas é verdade! Por detrás de meia dúzia de dezenas de anos, neste mundo, esconde-se uma Eternidade formidável... E já não existe retorno. Estamos já a caminho. A felicidade em Deus é a nossa vocação.
Renunciar a ela é um crime punido com a infelicidade eterna, pois significa renunciar a Deus e ao Amor Infinito que nos é oferecido em Cristo Crucificado.
Deus não morreu numa cruz, no meio de tormentos inarráveis para a inteligência humana, para que o homem vivesse como um demônio, isto é, separado de Deus... Quem Ama é grato. E quem ama a Deus sabe dizer obrigado, com a vida e com a inteligência. Se Deus nos pede que obedeçamos à sua Lei para nos dar a vida eterna, porque não fazê-lo, em lugar de arriscar uma eternidade maldita? Para quê tentar a Deus? Quem como Deus? Ai daqueles que resolvem enfrentar Deus. Sabemos o que aconteceu a Satanás!

Acreditemos ou não, estamos a caminho e dentro em breve encontrar-nos-emos com Aquele que nos moldou e criou à sua imagem e semelhança. Ai daqueles que nada quiseram com Deus em Vida.
O Deus que não quiseram conhecer em Vida, dizia Sto Agostinho, não os reconhecerá na Morte e para eles será a sentença: «Não vos conheço!» Mt 25,12


O CÉU

As almas dos justos que no instante da morte se encontram livres de todo a culpa e pena de pecado entram no Céu (de Fé).
 
O papa Benedito XII declarou na sua constituição dogmática Benedictus Deus (1336) que as almas completamente purificadas entram no céu e contemplam imediatamente a Deus, vendo-O "cara a cara", pois o Deus Vivo, se lhes manifesta aberta e imediatamente, de maneira clara e sem velos. As almas em virtude dessa visão - visão beatífica - são verdadeiramente felizes e têm a vida eterna e eterno descanso; Dz 530; cf Dz 40,86,693,696.

O Concilio de Florença ensina que «... as almas dos que morrem sem necessidade de purificação, ou depois de realizá-la no purgatório, são imediatamente recebidas no Céu e vêm claramente a Deus uno e trino, tal como é; uns, no entanto, com mais perfeição do que outros, conforme a diversidade de merecimentos» Denz 693

A título de exemplo, se alguém contemplar o mar da praia, não o vê em toda a sua imensidade e profundidade; mas é evidente que vê o mar, tal e qual ele é em si mesmo. Apesar de tudo, este exemplo é bastante imperfeito, pois o que contempla o mar desde a praia não vê o mar em toda a sua imensidade, mas os bem-aventurados no céu vêm toda a essência divina, mas sem esgotar a sua infinita cognoscibilidade, isto é, os infinitos modos de conhecer a Deus. É como que, se elevados acima do mar, pudessem contemplar todo o mar, mas penetrando na profundidade do mar em grau desigual.
Os eleitos do céu vêm a Deus na sua totalidade, mas não totalmente. Assim, os eleitos no Céu vêm claramente a Deus tal como é em si mesmo: uno em essência e trino em pessoas, com todos os seus atributos essenciais. Contudo, uns contemplam-no com mais perfeição que outros, em função dos méritos adquiridos na vida humana.

O Céu consiste na visão imediata de Deus: 1Jo 3,2: «seremos semelhantes a Ele porque o veremos tal qual é». A escolástica insiste no caráter sobrenatural da visão beatifica e exige uma especial iluminação de entendimento a que chamou a "lumen gloriae", ou luz de glória que seria um dom sobrenatural e habitual do entendimento que o capacita para o ato da visão de Deus. Cf Sum. Th. I 12, 4 e 5

Jesus apresenta a felicidade celeste debaixo de uma imagem de um banquete de bodas, Mt 25,10; cf Mt 22, 1 ss; Lc 14,15ss, qualificando esta bem-aventurança de «vida» ou «vida eterna»; cf Mt 18, 8s;19,29;25,46;Jo 3,15ss;

A condição para alcançar a vida eterna e conhecer a Deus e a Cristo: «esta é a vida eterna, que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e ao teu enviado Jesus Cristo» Jo, 17,3. Aos limpos de coração, lhes promete que verão a Deus: «Bem Aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus» (Mt 5,8).

S.Paulo insiste no caráter misterioso do Céu : «Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem veio à mente do homem o que Deus preparou para os que o amam» 1Cor 2,9;cf 2 Cor 12,4

S. Pio X no seu Catecismo dizia "O Céu é o gozo eterno de Deus, nossa felicidade e nele a posse de todos os outros bens sem mal algum; e merece o Céu quem é bom, isto é, quem ama e serve fielmente a Deus e morre na sua graça."

A visão direta de Deus, "cara a cara, tal como é em si mesmo" (1Jo 3,2) enche a alma de uma felicidade tão imensa e inarrável que nenhuma mente humana a pode conceber e da qual, neste mundo jamais teremos a menor idéia.
A felicidade celestial consiste na possessão e gozo fruitivo do Bem absoluto e infinito que é Deus. O bem aventurado torna-se participante da natureza divina. E é tal essa felicidade que todos os outros prazeres, e que são imensos, são uma gota de água no oceano. É como se a um multimilionário lhe dessem alguns cêntimos.

Pois bem, a felicidade humana, no seu gozo e prazer máximos aqui na terra..., não passam de átomos de felicidade, quando comparados com o universo desses cêntimos... E pensemos nos cêntimos que é possuirmos um corpo glorioso, que brilhará mais do que o nosso sol natural « Então os Justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. O que tem ouvidos, ouça.» Mt 13,43.
O corpo dos eleitos brilhará com um resplendor único, uns mais do que outros, segundo o grau de glória que tiverem alcançado, nesta vida. O dote da claridade manifestou-o também o Senhor no dia de sua Transfiguração, em que os três apóstolos lhe viram o rosto mais resplandecente que o sol, (Mt. 17,2.)
Relembro que o grau de glória no céu redundará do grau de graça santificante atingido nesta vida ou se quisermos, quem mais se pareceu com Cristo na terra, maior participação terá na sua glória, no céu.

Além disso os corpos dos eleitos possuirão o dom da Agilidade, em virtude do qual, poderão deslocar-se à velocidade do pensamento a locais remotíssimos, atravessando distâncias fabulosas em um instante: « Mas os que põem a sua esperança em Iahweh renovam as suas forças. abrem asas como as águias, correm e não se fatigam, caminham e não se cansam.» Is 40,31.

Este dote do corpo glorioso, permitirá aos bem aventurados, deslocarem-se sem estar presos às leis da gravidade ou quaisquer outras leis materiais. Voarão diríamos nós, na nossa linguagem humana. Mas voarão de forma perfeitíssima, com completa e total liberdade!

A Sutileza será outro dom espantoso que os bem aventurados possuirão, pois o corpo glorioso dos eleitos estará completamente espiritualizado, « O mesmo se dá com a ressurreição dos mortos; semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita reluzente de glória; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado corpo psíquico, ressuscita corpo espiritual.» 1 Cor 15,42-43.
Significa a "espiritualização" do corpo glorificado. Existirá um domínio absoluto da alma sobre a matéria; o corpo não oferecerá a menor resistência à alma. O corpo que antes era grosseiro e compacto, despirá no céu a mortalidade e tornar-se-á sutil e espiritual e assim já não precisará de alimentação ou sono ou de outras funções animais.
A matéria corporal, perderá a sua pesadez e torpeza, ficando espiritualizada, aptíssima para seguir em tudo os vôos ou exigências da alma.

Além disso o corpo dos bem aventurados será um corpo impassível; esse dom da impassibilidade impedirá que os corpos sintam qualquer dor, sofrimento ou incomodo. Tanto o fogo, como o frio em graus absolutos não terão qualquer efeito sobre o corpo glorioso dos eleitos, pelo que poderiam, literalmente andar no sol, sem sofrerem qualquer incomodo com isso. Serão corpos incorruptíveis e como tal impassíveis a qualquer dor ou sofrimento.

Mas repito, todos estes dotes do corpo glorioso, assim como todos os deleites nos sentidos que os eleitos experimentarão no seu corpo em completo delírio de felicidade e prazer, serão meras sombras com aquela felicidade que advirá da nossa união com a essência divina, que elevando misteriosamente a nossas faculdades intelectuais, permitir-nos-á, contemplar aquele que é o Amor e a Beleza infinita...O nosso DEUS e PAI.

A felicidade essencial do Céu que brota da visão imediata de Deus acrescenta-se uma felicidade acidental procedente do conhecimento natural e amor dos bens criados (sentença comum)

É também motivo de felicidade acidental para os bem aventurados, conhecer as obras maravilhosas de Deus, encontrar-se na companhia de Cristo (referente à sua humanidade), da Virgem Imaculada, dos anjos e santos, e tornar a encontrar-se com os seres queridos e com os amigos que se tiveram durante a vida terrena. A união da alma com o corpo glorioso no dia da ressurreição final significará um aumento acidental de gloria celestial.


Eternidade

A felicidade do Céu dura por toda a eternidade (de Fé )

O Papa Benedito XII declarou « uma vez que haja começado neles essa visão intuitiva, face a face, e esse gozo, subsistirão continuamente neles essa mesma visão e esse mesmo gozo sem interrupção, nem tédio de nenhuma classe, e durará até ao Juízo Final e desde aí, indefinidamente, por toda a eternidade» Dz 530

Jesus compara a recompensa pelas boas obras aos tesouros guardados no céu, aonde não se podem perder (Mt 6,20; Lc 12,33). Os justos irão à «vida eterna» (Mt 25,46; cf Mt 19,29; Rom 2,7; Jo 3,15s.)

«Agora vemos através de espelho, de modo obscuro, mas então veremos face a face» 1 Cor 13,12 ; «Alegrai-vos e exultai pois é grande a vossa recompensa nos céus»Mt 5,12 ; «Dai e dar-se-vos-á: retribuir-se-vos-á uma medida boa, batida, sacudida e transbordante» Lc 6,38

Sto Agostinho acrescenta : «Como podia falar-se de verdadeira felicidade se faltasse a confiança da duração eterna da mesma?» De Civ. Dei XII 13,1

A vontade dos bem aventurados se encontra de tal modo confirmada no bem por uma intima união de amor com Deus, que lhes é moralmente impossível afastar-se Dele pelo pecado Impecabilidade Moral.


Desigualdade

O grau de felicidade celestial é distinto em cada um dos bem-aventurados segundo a diversidade dos seus méritos (de Fé)

As alegrias do Céu não são igualmente intensas para todos os bem-aventurados. Quem aqui na terra, amou mais a Deus e o serviu mais fielmente, receberá no céu o amor de Deus em medida mais abundante.

Jesus nos assegura: « o Filho do Homem dará a cada um segundo as suas obras»Mt 16,27. S. Paulo afirma, «cada um receberá a sua recompensa conforme o seu trabalho» 1 Cor 3,8. «O que semeia com largura, com largura colherá» 2 Cor 9,6; cf 1 Cor 15,41s.

Jesus fala-nos das muitas moradas que existem na casa do Pai ( Jo,14,2).

A Igreja afirma no decreto " Decretum pro Graecis" do concílio de Florença (1439) que as almas dos justos «intuem claramente ao Deus Trino e Uno, tal qual é, ainda que uns com mais perfeição do que outros, segundo a diversidade dos seus merecimentos»; Dz 693, Dz 842.

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