Blog Alma Missionária

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


O INFERNO



DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA

As almas dos que morrem em estado de pecado mortal vão ao inferno (de fé)

«Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus é a mesma coisa que morrer separado d'Ele para sempre, por livre escolha própria. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem aventurados que se designa pela palavra «inferno». Catecismo da Igreja Católica nº 1033.

«A doutrina da Igreja afirma a existência do inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente depois da morte, aos infernos, onde sofrem as penas do inferno, «o fogo eterno». A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, único em quem o homem pode ter a vida e felicidade para que foi criado e a que aspira» Catecismo da Igreja Católica nº 1035.

Quem até ao último instante da sua vida na terra rejeita o amor e a misericórdia de Deus e morre em pecado mortal separa-se de Deus para sempre. O inferno aparece então como a «última conseqüência do próprio pecado, que se vira contra quem o cometeu. É a situação em que se coloca quem rejeita a misericórdia do Pai, também no último instante da sua vida... O inferno é o lugar de pena definitiva, sem possibilidade de retorno ou de mitigação do sofrimento. cf Lc 16,19-31»João Paulo II, Audiência Geral de 28 de Julho de 1999.

Jesus ameaça os pecadores com o castigo eterno do inferno. Chama-lhe Geena (Mt 5,29s;10,28;23,15 e 33;Mc 9,43,45 e 47; Originariamente significa vale de Ennom), geena de fogo Mt 5,22;18,9; geena aonde o verme não morre nem o fogo se extingue Mc 9,46s; fogo eterno ;Mt 25,41; fogo inextinguível Mt 3,12; Mc9,42; forno de fogo Mt 13,42 e 50; Suplicio eterno Mt 25,46. Ali existem trevas Mt 8,12; gritos e ranger de dentes Mt 13 42 e 50; 24,51; Lc 13,28. S. Paulo dá o seguinte testemunho: « esses [os que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho] serão castigados a ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória do seu poder» 2 Tess 1,9; cf Rom 2, 6-9; Heb 10, 26-31.

Segundo Ap. 21,8 os ímpios [os sem Deus na Sagrada Escritura] terão a sua parte no«lago de fogo e de enxofre... Aí serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos» Ap. 20,10; cf 2 Pd 2,4 «Com efeito, Deus não poupou os anjos que pecaram mas, precipitando-os no Inferno, entregou-os a um fosso de trevas...»; Lc 12,4-5.« Não temais os que matam o corpo e depois nada mais podem fazer. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar na Geena. Sim, eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer.»

No inicio do séc. II, S. Inácio da Antioquia (110 DC) afirma :« Todo aquele que pela sua péssima doutrina, corromper a fé de Deus pela qual foi crucificado Jesus Cristo, irá ao fogo inextinguível, ele e aqueles que o escutam» (Eph 16,2).

A Igreja ao longo dos séculos definiu dois elementos no suplicio eterno do inferno: A "pena de dano" (suplicio da privação) e a "pena dos sentidos" (suplicio dos sentidos). A "pena de dano" é o que constitui propriamente a essência do castigo do inferno e consiste em ver-se privado da visão de Deus e de todos os bens que se seguem dela; cf Mt 25,41 « Apartai-vos de mim, malditos!»; Mt 25,12 « não vos conheço».

A "pena dos sentidos" consiste nos tormentos causados externamente pelos meios sensíveis. A Sagrada Escritura fala com freqüência do fogo do inferno, aonde são lançados os condenados; designa o inferno como um lugar aonde reinam os gritos e ranger de dentes, imagem de dor e desesperação.

O Magistério da Igreja nunca se pronunciou abertamente sobre a natureza do fogo do inferno, mas a maior parte dos padres, escolásticos e quase todos os santos e teólogos supõem a existência de um fogo físico ou agente de ordem material, ainda que insistem que a sua natureza é distinta do fogo atual.
A ação do fogo físico, sobre os seres puramente espirituais a explica S. Tomas de Aquino - seguindo o exemplo de S. Agostinho e S.Gregório Magno - como sujeição dos espíritos ao fogo material que é instrumento da Justiça Divina. Os espíritos ficam sujeitos desta maneira à matéria não dispondo de livre movimento; Suppl. 70,3.

É impressionante, mas é de fé, que a pena de sentido principal consiste no tormento do fogo e que este não é metafórico, mas verdadeiro e real, apesar de desconhecermos a natureza do mesmo. De qualquer natureza que seja o fogo do inferno atormenta não somente as almas dos condenados, mas também atormentará os corpos após a ressurreição final.
O fato que o fogo do inferno atormenta as almas e após a ressurreição final os corpos é uma verdade de fé! Consta claramente na Sagrada Escritura que os demônios padecem a pena do fogo (Mt 25,41) e o mesmo as almas separadas (Lc 16,24). A Igreja definiu que « as almas dos que morrem em pecado mortal descem imediatamente ao inferno, aonde são atormentadas com penas infernais» Dz 531

S. Afonso Maria de Ligório afirma « ...e ainda diz algum insensato : " Se vou para o inferno, não irei só..." Infeliz! Quantos mais réprobos haja ali, maiores serão os teus tormentos. Ali - diz S.Tomás - a companhia dos outros condenados não alivia, antes aumenta a infelicidade comum. Muito mais sofrerão, sem dúvida, pela fetidez asquerosa, pelos lamentos daquela multidão desesperada e pela estreitez em que se encontrarão amontoados e oprimidos, como ovelhas em tempo de inverno (Sl 48,15), como uvas prensadas no lagar da Ira de Deus (Ap 19,15).
Padecerão do tormento da imobilidade (Ex 15,16). Tal como cai o condenado no inferno, assim há de permanecer imóvel, sem que lhe seja dado mudar de local nem mover uma mão ou pé enquanto Deus seja Deus.» Preparação para a Morte, cap.26, Das penas do inferno.

Diz a Sagrada Escritura: « Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial. E disse-lhe: "Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?" Mas ele emudeceu. O rei disse, então aos servos: Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.» Mt 22,11-13; « É coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo» Heb 10,31; « Então o Rei dirá também aos da esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos. E estes irão para o tormento eterno; mas os justos, para a vida eterna» Mt 25,41,46

Muitos infelizes minimizam as palavras de Cristo porque segundo eles a Justiça Divina deveria ser do tamanho da sua tacanha inteligência e fazem de Deus um "super-homem" ou um "um deus à imagem da terra"... Esquecem-se que a Majestade de Deus e a sua Santidade são infinitas e que o pecado é o supremo dos males. A todos os infelizes que não querem pensar na Justiça divina para poderem continuar a pecar, aplica-se a máxima de Eusébio de Cesareia:

« Infeliz daquele que agora se ri do inferno porque deverá experimentá-lo pessoalmente antes mesmo de crer nele»

O inferno é um lugar de tormentos (cf Lc 16, 19-31) é o conjunto de todos os males sem mistura de bem algum e sem fim; ou como dizia S.Pio X "o inferno é o sofrimento eterno, que consiste na privação de Deus, nossa felicidade, e no fogo com todos os outros males sem bem algum."


O PECADO MORTAL


«Deus não predestina ninguém para o inferno. Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim.» Catecismo da Igreja Católica nº 1037

«...Que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.» 1Tim 2,4

O que é o pecado?

O pecado é «uma transgressão voluntária da Lei de Deus».

Supõe sempre 3 elementos essenciais:

Matéria Proibida ou ao menos estimada como tal.
Advertência por parte do entendimento, isto é, conhecimento que a matéria é grave.
Consentimento ou aceitação por parte da vontade, isto é, querer o mal, sabendo que é mal e que é grave.

Se a matéria é grave e a advertência e o consentimento são plenos, comete-se pecado mortal. Só se comete pecado mortal quando se peca em matéria grave. Mas também se requer que se conheça claramente que se trata de uma coisa grave e que se consinta plenamente. Só comete pecado mortal quem peca voluntariamente, isto é, com pleno conhecimento e inteiro consentimento, em matéria grave. Sem liberdade não existe pecado.

Segundo S.Tomás de Aquino o pecado é « um ato pelo qual nos afastamos de Deus, nosso último fim, prendendo-nos livre e desordenadamente a qualquer bem criado» S. Thom. I,II, q.71-73. E diz-nos Santo Afonso Maria de Ligório, na sua preparação para a morte, cap.26, das penas do inferno.

«Dois males comete o pecador quando peca: abandona Deus, Bem infinito e entrega-se às criaturas. «Porque o meu povo cometeu um duplo crime: abandonou-me a Mim, nascente das águas vivas, e construiu cisternas para si, cisternas rotas, que não podem reter as águas» Jr 2,13. E porque o pecador se entregou às criaturas, com ofensa a Deus, justamente será atormentado no inferno por essas mesmas criaturas, fogo, e os demônios; esta é a pena de sentido. Mas como a sua maior culpa, na qual consiste a maldade do pecado é afastar-se de Deus, a pena maior que há no inferno é a pena de dano, o carecer da vista de Deus e tê-lo perdido para sempre». (cf Antonio Royo Marin, Teologia da Perfeição Cristã, acerca do pecado mortal)

O pecado Mortal é um mal gravíssimo - o supremo dos males - pois Deus o castiga terrivelmente. Porque tendo presente que Deus é infinitamente justo não pode infligir aos culpados castigo maior do que merecem; e que é infinitamente misericordioso e que por sê-lo, castiga sempre os culpados menos do que merecem, pois tempera o rigor com a Bondade.

É necessário, pois, que o pecado seja a suprema abominação, para ser punido tão rigorosamente.

Assim por um só pecado mortal:

Milhões de anjos do paraíso converteram-se em horríveis demônios para toda a eternidade.
Expulsou do paraíso aos nossos primeiros pais e submergiu a humanidade num mar de lágrimas, doenças, guerras e morte.
Manterá por toda a eternidade no fogo do inferno em castigo os culpados a quem a morte surpreendeu em pecado mortal. É de fé.

O Verbo de Deus, Jesus cristo, o Filho muito amado, em quem o Pai coloca todas as suas complacências (Mt 17,5) quando quis ser fiador do homem culpável teve de sofrer os terríveis tormentos da paixão e, sobretudo experimentado em si mesmo - enquanto representante da humanidade pecadora - a indignação da justiça divina, até ao ponto de fazê-lo exclamar no meio de uma dor incompreensível : « Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonas-te?» Mt 27,46.

A razão de tudo isto é porque o pecado é uma injúria tremenda, contra Deus, cuja majestade é infinita e existe uma distância infinita entre Deus e a criatura. Ora tendo em conta a dignidade de Deus que é infinita, o pecado encerra em si um malícia de certo modo infinita, porque a dignidade do ofendido é infinita.

Daí o castigo terrível que pesa sobre o pecador, quando este livremente escolhe o pecado por malícia. Em lugar de amar e adorar o Criador, este ama e reverencia as criaturas e as coisas criadas fora do seu Criador e da sua Lei, porque aspira a ser «como Deus» isto é a ser "livre" fora do seu Criador, estabelecendo ele as «leis» pelas quais quer existir, na sua sede de prazer e liberdade. Isto é, quer ele próprio ser deus, pois quer definir o que deve ou não deve fazer e dessa forma cai na velha tentação do Diabo « Não, não morrereis; Porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal» Gn 3,4.

O homem é criatura de Deus e como tal deve obedecer, pois se têm algo de bom, deve-o ao seu Criador. Mas na sua soberba, este para não ser confrontado com o seu crime de desobediência às leis do seu Criador - que é uma lei de amor e foi colocada para garantir a felicidade de todos e não só de alguns - opta por fazer-se a si mesmo de deus e definir o que é bem e o que é mal. O pecado pressupõe uma ingratidão espantosa, pois por ele, o homem usurpa os direitos divinos de honra e glória, substituindo-se a Deus. Que aquele que é menos que um átomo, se ensoberbeça perante o Criador Supremo de tudo e de todos, é o supremo dos males e merece o supremo dos castigos: o inferno.

«Todo aquele que permanece em Deus não se entrega ao pecado; e todo aquele que se entrega ao pecado não o viu nem o conheceu... quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde a origem. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo... Nisto é que se distinguem os filhos de Deus e os filhos do diabo» Cf 1Jo 3,6-10.

« Se alguém vir que o seu irmão comete um pecado que não leva à morte, peça, e dar-lhe-á vida. Não me refiro aos que cometem um pecado que não leva à morte; é que existe um pecado que conduz à morte; por esse pecado não digo que se reze. Toda a iniqüidade é pecado, mas há pecados que não conduzem à morte» 1 Jo 5,16-17.

Logo, segundo S. João existe um pecado que conduz à morte! É a este pecado que conduz à morte eterna da alma, que a Igreja, desde o inicio da era cristã, chama o «pecado mortal» - porque dá a morte à alma, fazendo-a perder a graça santificante que é a vida da alma como a alma é a vida do corpo. Aliás já dizia S.Paulo ao Hebreus «Pois, se pecarmos voluntariamente e com pleno conhecimento da verdade, já não há sacrifícios pelos pecados. Aguarda-nos apenas um julgamento tremendo e o ardor de um fogo que consumirá os adversários.» Hb. 10,26-27.


Eis os efeitos que o pecado Mortal produz na alma do pecador:

1. Perda da graça santificante, das virtudes infusas e dons do Espírito Santo. Supressão do influxo vital de Cristo, como o sarmento separado da vide. Priva a alma da graça de Deus e da amizade de Deus.
2. Perda de presença amorosa da Ssma. Trindade na alma.
3. Perda dos méritos adquiridos em toda a vida passada e torna-a incapaz de adquirir novos.
4. Feíssima mancha na alma «mácula animae» que a deixa tenebrosa e horrível, à visão divina.
5. Torna a alma escrava de Satanás, aumento das más inclinações e remorsos de consciência.
6. Fá-la merecer o inferno e também os castigos desta vida. O pecado mortal é o inferno em potência. É um verdadeiro suicídio da alma e da vida da graça de Deus em nós.


A Eternidade do Inferno

As penas do Inferno duram por toda a eternidade (de Fé)

O capítulo Firmiter do concílio de Latrão (1215) declarou: «Aqueles [os réprobos] receberão com o Diabo o suplício eterno» Dz 429; cf Dz 40, 835, 840.

A Sagrada Escritura coloca muitas vezes em relevo o caráter "eterno" das penas do inferno, pois nos fala de «eterna vergonha e confusão» Dn 12,2; cf Sb 4,19, de «fogo eterno» Mt 18,8;25,41; de «suplício eterno» Mt 25,46 e de «ruína eterna» 2 Tess 1,9; O epíteto «eterno» não pode ser entender-se no sentido de uma duração muito prolongada, mas ao final de contas limitada. Assim o provam os lugares paralelos que se fala de «fogo inextinguível» Mt 3,12; Mc 9,42,46. E igualmente o evidencia a antítese «suplício eterno» e «vida eterna» em Mt 25,46. Segundo o Ap 14,11(19,3) «o fumo do seu tormento [do condenado] subirá pelos séculos dos séculos», isto é, sem fim; cf Ap. 20,10.

A «restauração de todas as coisas» da que se nos fala em At 3,21 não se refere à sorte dos condenados, mas à renovação do mundo que terá lugar com a segunda vinda de Cristo.

Desigualdade do sofrimento dos condenados

A quantidade da pena de cada um dos condenados é diversa segundo o grau diverso da sua culpa. (sentença comum)

Os concílios de Lyon e Florença declararam que as almas dos condenados são afligidas com penas desiguais. Dz 464,493.

Jesus ameaça os habitantes de Corozain e Betsaida assegurando que por sua impenitência hão de ter um castigo muito mais severo que os habitantes de Tiro e Sidon; Mt 11,22; Lc 10,12-15. Os escribas terão um juízo mais severo; Lc 20,47. Ver também Lc 12,47-48 ; Jo 19,11 ; Tg 3,1

S. Agostinho ensina-nos que « a infelicidade será mais suportável a uns condenados do que a outros» (Enchir. III).

A justiça exige que à magnitude do castigo corresponda à da gravidade da culpa. E Deus, como diz S. Pio X, "premeia os bons e castiga os maus porque é Justiça Infinita".


INFERNO SEGUNDO S. FAUSTINA KOWALSKA


« Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno. É um cavernoso lugar de grandes suplícios - e como é abissal a sua vastidão! Eis os diferentes tormentos que vi:

O primeiro castigo que constitui o inferno é a perda de Deus; o segundo é o perpétuo remorso da consciência; o terceiro o de que essa condição nunca mudará; o quarto, é o fogo que penetra a alma embora sem a destruir - é um sofrimento terrível, um fogo puramente espiritual, aceso pela Ira de Deus; o quinto, é a contínua treva, um horrível cheiro sufocante - e, embora haja escuridão, os demônios e as almas danadas vêem-se mutuamente e reconhecem todo o mal quer dos outros, quer seu; o sexto é a constante companhia de Satã; o sétimo, o tremendo desespero, ódio a Deus, maldições, pragas e blasfêmias.

Estes são os tormentos por que todos os condenados em conjunto passam, mas não se acabam aqui os suplícios. Há outros dirigidos a algumas almas em especial: são as penas dos sentidos. Cada alma e atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem pavorosas prisões subterrâneas, cavernas e poços de tormento, onde cada tortura difere da outra. Eu teria morrido só de ver essas terríveis expiações, senão fora a Onipotência de Deus haver-me amparado. Que cada pecador saiba que, naquele dos seus sentidos, com que pecou, há de vir a ser atormentado por toda a eternidade. Escrevo isto por ordem de Deus, para que nenhuma alma se desculpe, dizendo, que não há inferno, ou que ninguém lá esteve e não sabe como é.

Eu irmã Faustina, por desígnio de Deus, visitei os abismos do inferno, para que o possa noticiar às almas e testemunhar que ele existe. Sobre ele, não me é permitido falar agora, mas tenho ordem de Deus para deixar isto por escrito. Os demônios estavam cheios de ódio por mim, todavia pela vontade de Deus eram obrigados a obedecer-me. E o que acabei de descrever dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi. Notei no entanto, uma coisa: a maior parte das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o inferno existia.

Quando voltei a mim quase que não podia refazer-me do terror daquela visão. Como as almas sofrem horrores ali! Por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores. Rogo incessantemente a Misericórdia de Deus para eles. Ó meu Jesus, preferia sofrer a maior agonia, até ao fim do mundo do que vos ofender com o menor que fosse dos pecados.» Diário da Irmã Faustina, caderno II, 741.


A VISÃO DO INFERNO SEGUNDO OS VIDENTES DE FÁTIMA, PORTUGAL

« - Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo, mergulhados nesse fogo os demônios e as almas como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saiam, juntamente com nuvens de fumo caindo para todos os lados, - semelhante ao cair das fagulhas em grandes incêndios - sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizava e fazia estremecer de pavor (devia ser ao deparar-me com essa vista que dei esse «ai» que dizem ter-me ouvido). Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.

Assustados e como a pedir socorro levantamos a vista para Nossa Senhora, que nos disse com bondade e tristeza:

Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus... Começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedia a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; senão, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados; o Santo Padre terá muito de sofrer; várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal, conservar-se-á sempre o Dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo.

Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: - Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem. » Aparição de 13 de Julho - Sexta Feira.


O INFERNO SEGUNDO S.Teresa de Ávila, Doutora da Igreja

Estando um dia em oração achei-me de repente, sem saber como, e segundo me parece, toda metida no inferno. Entendi que o Senhor queria que visse o lugar que os demônios lá me tinham preparado, e eu merecido, por meus pecados.

Foi de brevíssima duração, mas embora eu vivesse muitos anos, parece-me impossível esquecê-lo. Parecia-me a entrada à maneira de um beco muito comprido e estreito, semelhante a um forno muito baixo e escuro e apertado. O chão pareceu-me duma água com lodo muito sujo e de cheiro pestilencial e cheio de muitas sevandijas peçonhentas. No fundo havia uma concavidade aberta numa parede a modo dum armário, aonde me vi meter em muita estreiteza.

Tudo isto era deleitoso à vista em comparação do que ali senti... Senti um grande fogo na alma que eu não chego a entender como poder dizer de que maneira é. As dores corporais são tão insuportáveis que, apesar de eu as ter passado nesta vida gravíssimas, tudo é nada em comparação do que ali senti. E, segundo dizem os médicos, tive as maiores que aqui se podem passar. Foi encolherem-se-me todos os nervos quando fiquei tolhida, além de outras muitas e de muitas maneiras, e até algumas, como tenho dito, causadas pelo demônio. Pois tudo isso é nada em comparação do que ali senti e ver que havia de ser sem fim e sem jamais cessar. E do agonizar da alma: um aperto, uma sufocação, uma aflição tão sensível e com um tão desesperado e aflitivo descontentamento, que eu não sei explicar. Porque dizer que é um estar sempre arrancando-se a alma, é pouco, pois que então ainda parece que outro vos acaba com a vida; mas aqui é a própria alma que se despedaça. O caso é que eu não sei como encarecer aquele fogo interior e aquela desesperação sobrepostos a tão gravíssimos tormentos e dores. Não via eu quem mos dava, mas sentia-me queimar e retalhar, ao que me parece; e digo que aquele fogo e desesperação interior é o pior.

Estando em tão pestilencial lugar, tão desesperada de toda a consolação, não há sentar-se, nem deitar-se, nem há lugar porquanto me puseram neste como que buraco feito na parede; porque estas paredes, que são espantosas à vista apertam por si mesmas e tudo sufoca. Não há luz, mas tudo trevas escuríssimas. Eu não entendo como pode ser isto, que, não havendo luz, se vê tudo o que à vista há de causar pena.

Não quis o Senhor que eu então visse mais nada de todo o inferno; depois, porém, tive outra visão de coisas espantosas: o castigo de alguns vícios. Quanto à vista, pareceram-me muito mais espantosos, mas como não sentia a pena, não me fizera tanto temor como na visão em que o Senhor quis que eu verdadeiramente sentisse aqueles tormentos e aflição no espírito, como se o corpo o estivesse padecendo. Eu não sei como isso foi, mas bem compreendi ser grande mercê e que o Senhor quis que eu visse - numa vista de olhos - donde me tinha livrado a Sua misericórdia. Porque não é nada o ouvi-lo dizer, nem eu ter meditado de outras vezes sobre diversos tormentos - embora poucas vezes o fizesse, pois que por caminho de temor, não ia bem a minha alma -, nem que os demônios atanazem, nem outros diferentes suplícios que tenho tido. Não, nada é como esta pena, porque é outra coisa. Enfim, é tão diferente como a pintura o é da realidade; e o queimar-se aqui na terra é muito pouco em comparação com este fogo de lá...

E assim não me recordo vez alguma em que tenha trabalhos ou dores que tudo quanto cá na terra se pode passar não me pareça ninharia e assim julgo que, em parte, nos queixamos sem razão. Torno pois, a dizer que foi uma das maiores mercês que o Senhor me tem feito, e me tem aproveitado muitíssimo, tanto para perder o medo às tribulações e contradições desta vida, como para esforçar-me a padecê-las e dar graças ao Senhor que me livrou, ao que agora me parece, de males tão perpétuos e terríveis.

De então para cá, como digo, tudo me parece fácil em comparação dum momento que se haja de sofrer o que eu ali padeci. Espanta-me como, tendo lido muitas vezes livros que dão alguma idéia das penas do inferno, como não as temia nem as tinha no que elas são... Daqui cobrei a grandíssima pena que me dão as almas que se condenam (destes luteranos em especial, porque já eram pelo batismo membros da Igreja) e os grandes ímpetos de salvar almas, que a mim me parece certo que, para livrar uma só de tão gravíssimos tormentos, padeceria eu muitas mortes de muito boa vontade.» Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, cap. XXXII.


O INFERNO SEGUNDO SANTA JOSEFA MENENDEZ

«...Vi muita gente do mundo cair dentro do inferno e agora as palavras não podem descrever, nem por assombro, seus horríveis e espantosos gritos: " Condenado para sempre...Eu me enganava a mim mesmo...Estou perdido...Estou aqui para sempre, jamais!"

«...Os ruídos de confusão e blasfêmias não cessam por um instante. Um nauseabundo odor asfixia e corrompe tudo; é como queimar carne putrefata, misturada com alcatrão e enxofre... Uma mistura a que nada na terra pode ser comparável.»

«...comecei a ouvir muitos gritos e de seguida encontrei-me numa passagem muito estreita. Na parede existiam uma espécie de nichos, donde sai muito fumo mas sem chama e muito mau odor. Eu não posso dizer o que se ouve, toda a classe de blasfêmias e de palavras impuras e terríveis. Uns maldizem o corpo... Outros maldizem seu pai ou mãe... Outros reprovam-se a si mesmos, não ter aproveitado tal ocasião, tal luz, para abandonar o pecado. Enfim, é uma confusão tremenda de gritos de raiva e desesperação... Mas o que não têm comparação com nenhum tormento é a angústia que sente a alma, vendo-se separada de Deus. Para poder livrar-me do inferno, e eu sou tão medrosa para sofrer, eu não sei a que estou disposta. »

«...Não sei dizer o que sofro...É tremendo tanta dor...Parece que os olhos saírem do seu lugar, é como se os tirassem, arrancando-os...Os nervos contraem-se. O corpo está como dobrado, não pode mover-se, nem um dedo... O odor que existe é horrível, não se pode respirar, mas tudo isso é nada em comparação da alma, que conhecendo a bondade de Deus, vê-se obrigada a odiá-LO e sobretudo se o conheceu e amou, sofre muito mais...» cf Josefa Menendez, Convite ao Amor Divino.


O inferno segundo Santa Catarina de Sena

«... Filha, tua linguagem é incapaz de descrever os sofrimentos destes infelizes..., no inferno os pecadores padecem quatro tormentos principais. Primeiro tormento é a ausência da minha visão. Um sofrimento tão grande que os condenados, se fosse possível, prefeririam sofrer o fogo vendo-me, que ficar fora dele sem me ver.
Segundo tormento, como conseqüência, é o remorso que corrói interiormente o pecador privado de mim longe da conversação dos anjos, a conviver com os demônios. Aliás, a visão do diabo constitui o terceiro tormento. Ao vê-lo, duplica-se o sofrer... Os infelizes danados vêem crescer seus padecimentos ao verem os demônios. Nestes, eles se conhecem melhor, entendendo que por própria culpa mereceram o castigo.

Assim o remorso os martiriza e jamais cessará o ardor da consciência. Muito grande é este tormento porque o diabo é visto no próprio ser; tão horrível é sua fealdade, que a mente humana não consegue imaginar... Segundo a Justiça Divina ele é visto mais ou menos horrível pelos condenados, segundo a gravidade das suas culpas. O quarto tormento é o fogo. Um fogo que arde sem consumir, sem destruir o ser humano. É algo imaterial, que não destrói a alma incorpórea. Na minha Justiça, permito que tal fogo queime, faça padecer, aflija; mas não destrua. É ardente e fere de modo crudelíssimo em muitas maneiras. A uns mais, a outros menos, segundo a gravidade dos pecados.» Santa Catarina de Sena, O Diálogo, 14.3.2


PORQUE CRIOU DEUS O INFERNO? Argumentos Teológicos e Racionais.


« Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo do inferno, preparado para o diabo e os seus anjos... E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna»Mt 25,41,46.

Aquele que afirmou «Porque não entendeis a minha linguagem? Porque não podeis ouvir a minha palavra? Vós tendes por pai o diabo, e quereis realizar os desejos o vosso pai. Ele foi assassino desde o principio, e não esteve pela verdade, porque nele não à verdade... Por isso não acreditais em mim, porque vos digo a verdade...Se digo a verdade, porque não em acreditais? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; vós não as escutais porque não sois de Deus.» Jo, 8,42-47.

Jesus não mente. Ele é a Verdade. Se ele afirmou que o inferno é uma realidade, por que duvidar? Todo aquele que nega a realidade do inferno, nega que Jesus seja a Verdade e todo aquele que não crê em Jesus, está dito:

«Quem crê no Filho têm a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.» Jo 3,36. E ainda « Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigênito de Deus» Jo3,18

Quem é que não acredita no inferno? Quem lhe convém que ele não exista!

« De fato quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas ações não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus atos são feitos segundo Deus» Jo 3,20-21.

Jesus referencia aproximadamente 20 vezes o inferno no evangelho S. Mateus e em cerca de 10 vezes fala em Fogo! E no Novo Testamento afirma-se cerca de 23 vezes que existe fogo. Porque esta preocupação, diria quase obsessiva, em alertar-nos para a terrível realidade do inferno, se ele não existisse?

Deus, o Sumo Bem, afirma: « Porque quereis morrer, casa de Israel? Pois eu não me comprazo com a morte de quem quer que seja - oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e vivei.» Ez 18,32. « Porventura me hei de comprazer com a morte do pecador - oráculo do Senhor Deus - e não com o fato de ele se converter e viver?» Ez 18,23.

Pergunta: Deus quis o inferno?

R: O Inferno existe, porque existe o Pecado! O pecado é obra do homem e do demônio; o inferno é o fruto do pecado. Deus não quer o inferno, como nós não queremos as prisões, mas assim como estas devem existir, pelo fato de os homens serem livres e de poderem abusar dessa liberdade, da mesma forma Deus teve de criar o inferno, para garantir a ordem e a justiça. Caso contrário, Deus não seria Justo e se Deus não fosse justo, seria injusto e como tal não seria Deus, o que não faz sentido algum! Existe um abismo infinito entre a criatura e o Criador.

Pergunta: Porque Deus criou o Inferno?

R: Para castigar o Pecado

Pergunta: Porque o inferno é tão terrível?

R: A justiça perfeita exige que exista uma proporção entre a magnitude do crime e a magnitude do castigo. Sendo Deus, um Deus de natureza infinita, e sendo o pecado mortal uma ofensa voluntária contra Deus, encerra em si uma gravidade e uma malícia infinitas; Logo mereceria um castigo infinito. Como a criatura é finita, e não suportaria tal castigo, proporcional à gravidade da sua culpa, este em lugar de ser infinito em intensidade, por permissão divina, será infinito na sua duração. Além disso, se Deus fizesse um inferno «light» ou suave, como se diz agora, o pecador seria induzido a pecar indiretamente pois seria induzido a não temer o Senhor, nem os seus juízos, já que o castigo seria um «castigo» light. E nesse caso Deus, de forma indireta, seria agente de pecado. E se fosse assim, como poderia castigar o pecado que ele próprio induziu? Deus já não seria Justo e como tal não seria Deus.

Pergunta: Então o inferno é eterno?

R: Sim é eterno. Deus não pode perdoar a quem não quer ser perdoado. Seria uma monstruosidade e uma tirania. E como o pecador não quis aceitar o perdão de Deus e dessa forma ultrajou a Misericórdia Divina, pois a recusou, Deus deverá exercer a sua Justiça. Ora Justiça é dar a alguém, aquilo que é seu e que merece por direito. Como o pecador ofendeu a Deus, Deus pela sua Justiça, retira ao pecador tudo aquilo que Lhe pertence, ficando o pecador com aquilo que é seu por direito, isto é o seu pecado. Como o fruto do pecado é o inferno, e este têm uma gravidade infinita, tendo presente a dignidade do ofendido, o pecador merece um inferno eterno.

Além disso, faria algum sentido que depois de ser condenado, o Diabo, que é a personificação da soberba, dissesse: «condenaste-me a um milhão de milênios no inferno, mas quando eu sair, ajustaremos contas...» Poderia uma justiça assim ficar satisfeita? Nem a justiça humana, quanto mais a divina. Além de que se as penas do inferno não fossem eternas, por analogia a felicidade dos eleitos não seria eterna, e estes ao saberem que o Céu não seria eterno, não teriam felicidade perfeita, logo o céu deixaria de ser Céu, o que não faz sentido algum.

Pergunta: Mas não existe proporção alguma entre 50 ou 60 anos de pecado e uma eternidade no inferno?

R: Quando o assassino mata alguém e demora 5 segundos, significa isso que só mereceria ser castigado por 5 segundos. E se um violador demora-se uma hora a violar uma criança, mereceria ser castigado uma hora? A Justiça humana diz que não e isso repugna à inteligência humana. Então o castigo é dado não em função do tempo que demorou a ser executado o crime, mas em atenção à gravidade intrínseca do crime. Como um crime [pecado mortal] cometido contra Deus é de gravidade infinita, merece uma condenação proporcional à magnitude do crime cometido.

Pergunta: Mas o objeto de um castigo não é a reforma daquele que faz o mal?

R: Não. Existem duas espécies de castigo: Um para corrigir e outro para satisfazer a Justiça. Para corrigir, serve-se Deus das tribulações desta vida « Meu filho, não desprezes a disciplina de Iahweh, nem te canses com a sua exortação; porque Iahweh repreende os que ele ama, como um pai ao filho preferido» Pr. 3, 11-12; mas se mesmo assim o pecador faz-se surdo ao apelos divinos, e despreza o seu Criador e as sua Leis, implícita ou explicitamente a Justiça exige que o mal efetuado seja satisfeito.
Se o pecador não quis reparar o seu pecado, no tempo ,enquanto podia, então deve satisfazê-lo na eternidade. Se Deus ameaça o homem com as penas do inferno, Ele deve levar a cabo a Sua ameaça se o homem não observa a sua Lei e continua a pecar. Deus não é só Infinitamente Bom e Santo. É também Infinitamente Justo e Sábio «...o senhor daquele servo virá em dia imprevisto e hora ignorada. Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes» Mt 24,50.

Pergunta: Mas a maioria dos homens só peca provisoriamente, esperando arrepender-se depois. Por que condená-lo?

R: Quem morre em pecado mortal significa que não se arrependeu. No entanto essa esperança num arrependimento futuro é uma ilusão vã e imoral. Vã, porque sem a graça de Deus o pecador não pode sair do seu pecado, isto é, sem a graça do arrependimento, que Deus não está obrigado a dar a ninguém e que pode inclusive negá-la em face de tanta ingratidão do pecador. O que se lança a um poço do qual não pode sair sem que lhe estendam uma corda, resigna-se a permanecer nele eternamente, se alguém de cima não lhe estender uma corda, corda essa que ninguém está obrigado a estender em função da sua temeridade. Imoral, porque se apóia precisamente na misericórdia de Deus para ofendê-lo com maior tranqüilidade.

Pergunta: Mas Deus não é Infinitamente Bom e Pai de todos os homens. Como pode então condenar alguém ao inferno?

R: Deus é infinitamente Bom, mas também é infinitamente Justo e a sua Justiça é infinitamente séria. A Justiça Divina assinalou um prazo para o exercício incondicional e total da sua misericórdia: a hora da morte. E a infinita Seriedade de Deus o impede de voltar atrás, oferecendo ao pecador uma nova oportunidade de salvação, depois deste ter injuriado a Misericórdia Divina. Se Deus voltasse atrás na sua decisão, estava a autorizar os pecadores a injuriá-Lo indefinidamente. Se Deus perdoasse de todas as formas mesmo para lá da morte, estava a induzir o pecador a pecar  a rir-se Dele eternamente, e então era um Deus pouco sério e nada Justo, isto é, não era Deus.

Além disso não é verdade que todos somos filhos de Deus: Todos somos criaturas de Deus, mas não filhos. Jesus é bem claro em Jo 8, 42,44,47 «...Se Deus fosse vosso pai, vós me amaríeis, porque saí de Deus e dele venho...Vós sois do Diabo, vosso pai, e quereis realizar os desejos do vosso pai...Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso não as ouvis: porque não sois de Deus»
E diz S.João em 1 Jo 3, 8,10 «...Aquele que comete o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o principio. Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo... Nisto se revelam os filhos de Deus e os filhos do Diabo: todo o que não pratica a justiça não é de Deus nem aquele que não ama o seu irmão.»

 Então existem os filhos do diabo e os filhos de Deus. Quem comete o pecado mortal e nele morre, renuncia voluntariamente à paternidade divina, mesmo sabendo que fere Deus infinitamente - Ver o Deus Vivo Crucificado no meio de tormentos inarráveis numa cruz - e por isso não é Filho. Não é filho porque não quis e para sempre será filho do Diabo. Só é Filho de Deus, quem está na graça de Deus, quem se esforça em cumprir os mandamentos de Deus e o invoca como seu Pai.

Pergunta: Porque é que Deus então, sendo infinitamente Bom e prevendo que uma alma iria para o inferno, a criou?

R: Assumamos que Deus não tinha criado os "maus", mas só os "bons"! Estes, "os bons", não poderiam ser livres, pois não teriam possibilidade de escolha. Teriam de ser "bons" quer quisessem ou não! Ora, isso significaria que Deus seria um tirano e que tinha criado robôs, desprovidos de liberdade e de livre arbítrio.
Aonde pára a dignidade humana de sermos criados à imagem e semelhança de Deus e de sermos livres? Qual a glória de Deus em ser servido por seres desprovidos de vontade?

Ao argumentarmos assim, estamos a colocar o homem ao nível do animal irracional e repugna à inteligência humana e divina. Além de que, se Deus levado pela sua infinita misericórdia não criasse senão aqueles que se iriam salvar, mesmo que estes fossem criados livres, se seguiria que os homens podiam burlar-se de Deus, pecando incessantemente contra cada um dos mandamentos divinos.
Não seria necessário sequer arrepender-se dos seus pecados, já que Deus teria forçosamente que perdoar-lhe mais tarde ou mais cedo. Pelo que, depois de ter sofrido uma pena, mais ou menos larga no purgatório, entraria finalmente no Céu sem ter-se arrependido e sem ter pedido perdão a Deus! Quem não vê nisto uma monstruosidade espantosa! Deus ficaria escravo do pecador, pois estaria à mercê dos seus caprichos... Que triste Deus seria o nosso. Um Deus escravo da sua criatura! Numa palavra, deixava de ser Deus!


Pergunta: Então Deus não criava os homens e o mundo.

R: Mas aí seria Deus que não seria livre... Pois para evitar que algumas almas cometessem alguns crimes e fossem para o Inferno, deixaria de criar aqueles que o serviriam e amariam por toda a eternidade, voluntariamente, por sua livre escolha. O mal triunfava sobre o bem. Para evitar o mal, aniquilava-se o bem.
Onde estaria liberdade divina? Seria Deus escravo do mal, que em atenção a este não poderia criar o bem. Este argumento também ele, repugna à nossa inteligência.

Pergunta: Nesse caso Deus deveria aniquilar o pecador, isto é, fazê-lo voltar ao nada, de onde foi criado.

R: Com este argumento, colocamos Deus abaixo de Hitler. Este matava os corpos, mas Deus, por esta forma de pensar, mataria os corpos e as almas, ao aniquilar o pecador. O Aniquilamento pressupõe uma retificação da obra de Deus por parte de Deus, e é a criatura culpável e não o Criador quem deve retificar. Além de que Deus seria injusto ao dar o mesmo castigo a todos os condenados que pecaram em graus muitos diferentes de maldade e malícia.

O aniquilamento, igualaria todos os condenados num mesmo castigo e idêntico para todos. Ora a Justiça, exige que não se castigue por igual aos que fizeram pecados em graus desiguais variadíssimos.
Paralelamente, o aniquilamento impossibilitaria a glória de Deus através da sua Justiça diante de toda a criação. Deus nunca poderia receber Glória pelo fato de ser justo já que esta com o aniquilamento não poderia ser exercida. O nosso Deus seria um Deus finito e limitado e como tal não seria Deus.

O problema deste argumento é que desconhece na totalidade a natureza divina. Deus é um ser infinito em todos os seus atributos. Se é infinito em todos os seus atributos, também o é na sua Bondade e Justiça. Assim quando Deus criou o homem, criou-o à sua imagem e semelhança" Depois, Deus disse: « façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança...» Gn 1,26.
Como Deus é eterno, Deus ao criar o homem, não o criou para o tempo, mas para a eternidade, pois criou-o à sua imagem e semelhança, isto é, criou-o com uma alma imortal. Criou-o no tempo, para eternidade.

«Assim raciocinam [os ímpios= os sem Deus], mas se enganam porque a sua maldade os cega. Eles ignoram os segredos de Deus, não esperam o prêmio pela santidade, não crêem na recompensa das vidas puras. Deus criou o homem para a incorruptibilidade e o fez imagem de sua própria natureza; foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo: experimentam-na quantos são do seu partido!» Sb 2,21-24

Deus não se contradiz a si mesmo. Depois de dar, Deus jamais volta atrás. « Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento» Rom 11,29 e em 1 Sm 15,29 diz «A Glória de Israel não mente nem se arrepende, porque não é homem para se arrepender».
Jamais poderia chamar à existência um ser para a incorruptibilidade, sua imagem e semelhança e de seguida, porque as suas opções livres - liberdade oferecida por Deus - não foram de acordo com a sua vontade, aniquilava o pecador. Mas então não seria um Deus infinitamente Bom e Justo, mas um déspota, pois que criava e destruía por capricho... Se assim fosse o nosso Deus seria imperfeito e como tal não seria Deus.
A morte de que fala a Sagrada escritura quando fala dos ímpios ou "sem Deus", não é o aniquilamento, mas a morte espiritual, mais conhecida como, "morte eterna" ou inferno, na linguagem cristã.

Paralelamente, se fosse verdade o aniquilamento dos ímpios a bíblia estaria a mentir, pois afirma claramente : «O fumo do seu tormento subirá pelos séculos dos séculos» Ap 14,11 ; «O diabo, que os tinha enganado, foi precipitado no lago de fogo e enxofre, onde também estão a besta e o falso profeta. Aí serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos» Ap 20,10

Se serão atormentados pelos séculos dos séculos é sinal que não foram aniquilados. Se fossem aniquilados, como defendem alguns hereges e apóstatas, então a Palavra de Deus é mentirosa, pois afirma o contrário. Em Mt 25,46 diz Jesus: « E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna». Como poderia o seu tormento ser eterno se foram aniquilados por Deus. Além disso porque é que Deus não destruiu o Diabo e os demônios?
Em lugar, de os destruir, criou para eles um inferno...«Apartai-vos de mim malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e os seus anjos.» Mt 25,41. O homem foi criado livre, à imagem e semelhança de Deus e como tal foi criado para o mérito ou desmérito. Deus manifesta mais, o seu Poder e a sua Glória, na conservação dos seres que criou do que na sua destruição.

Só acredita na aniquilação do pecador, quem está fora da verdade e a caminho do inferno, pois um dos pecados contra o Espírito Santo, que não têm perdão neste mundo nem no outro é "negar a verdade conhecida como tal". Foi o pecado dos Fariseus, pois conheciam a verdade mas não a queriam aceitar enquanto tal...
« Todos os pecados e todas as blasfêmias que proferirem os filhos dos homens, tudo lhes será perdoado; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão; é réu de pecado eterno» Mc 3,28-29
« A todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de perdoar-se; mas, a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará» Lc 12,10. E ainda
« Se alguém disser uma palavra contra o filho do homem ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro» Mt 12,32.
Reparem na expressão, «nem no vindouro». Significa que no mundo que há de vir estes infelizes, nem aí terão perdão! E para ter perdão terão de existir, pois não se perdoa algo ao que não existe!

O grande mal, de alguns homens é a sua soberba descomunal! Julgam-se melhores do que Deus. E querem impor ao Criador o que é ou não é justiça, segundo a sua tacanha inteligência. Se Deus nos revelou que o inferno existe e nos colocou de sobreaviso em relação a ele, mais vale escutá-LO, do que construir teorias no ar, e acabarmos por cair naquele abismo que não têm fim, porque nos recusamos a crer no óbvio.
É impressionante o relato da Irmã Faustina, pois constatou que a maior parte dos que estavam no inferno não acreditavam nele...E é lógico, pois como não acreditavam, não procuraram evitá-lo e quando acreditaram já foi tarde demais.

O inferno é um mistério! Mas um mistério é algo que existe, mas que não pode caber na nossa inteligência limitada ou que não é explicável por esta. O fato de eu não saber explicar o que é o Amor, não significa que ele não exista. Sinto-o, mas não sei explicá-lo. E no entanto o Amor existe. O Amor, é um grande mistério e no entanto é profundamente real. O inferno, segundo a revelação divina é algo real, mas como desconhecemos os termos infinito, natureza divina, fealdade do pecado, não conseguimos senão dar pálidas imagens que ajudam a perceber o porquê da sua existência.

O grande mistério do inferno é que apesar de Deus desejar loucamente a nossa salvação - contemplemos Jesus Crucificado -, nós somos capazes de nos condenar. Deus criou-nos livres e quer que nos comportemos como tais. Negar a possibilidade de alguém se condenar é negar a liberdade do homem. É anular o homem. Se o homem não é livre para dizer NÃO a Deus também não o seria para dizer SIM.
 A possibilidade de optar por Deus inclui a possibilidade de o rejeitar. Afirmar que existe o inferno é levar a sério a liberdade humana. Deus oferece a salvação, não a impõe. O inferno é o respeito de Deus pela última vontade do homem. Se o pecador livremente elege o pecado, Deus o respeita, enquanto não se arrepende. E como com a morte acaba a liberdade, assim o pecador ficará por toda a eternidade.


O que fazer para não ir para o inferno

Jesus disse: « Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.» Jo 14,6

« Pilatos lhe disse: "Então, tu és rei?" Respondeu-lhe Jesus: "Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz."» Jo 18,37

Jesus o Filho de Deus Vivo, foi claro como a água, ao afirmar que era a Verdade e o Caminho. Ele próprio acrescentou : «Disse-vos que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados» Jo 8,24 e « Se alguém guardar a minha palavra , jamais provará a morte» Jo 8,52 e ainda « Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?» Jo 11,25-16.

S.Paulo afirma em Hb 11,6 « Ora, sem a fé é impossível ser-lhe agradável. Pois aquele que se aproxima de Deus deve crer que ele existe e que recompensa os que o procuram.»


Então o que é preciso fazer para não ir para o Inferno?

Se Jesus é a Verdade, ele não mente. Ele disse : « E o que pedirdes em meu nome, eu o farei a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes algo em meu nome, eu o farei» Jo 14,13-14

« Em verdade, em verdade, vos digo: o que pedirdes ao Pai, ele vos dará em meu nome. Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.» Jo 16 23-24

« Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo o que pede recebe; o que busca acha e ao que bate se lhe abrirá. Quem dentre vós, dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra, se este lhe pedir peixe? Ora, se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedem.» Mt 7,7-10

«E tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis.» Mt 21,22

« ...a fim de que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome ele vos dê.» Jo 15,16

Então para não ir para o inferno devemos pedir ao Pai, em Nome de Jesus, que salve eternamente a nossa alma.

É tão simples como isso. Isto é, devemos rezar. Dizia S.João Crisóstomo que « a oração é falar com Deus» Orat I de. orat. dominic: MG 44,1125.

Então devemos nas nossas «conversas com Deus» pedir a graça da salvação eterna da nossa alma.

Pedir e pedir incessantemente, eis o que Deus pede ao homem adulto que faça, se quer salvar-se. Dizia Santo Afonso Maria de Ligório que todos os condenados se perderam porque não rezaram. Se tivessem rezado ter-se-iam salvo. E acrescentava:
« Quem reza salva-se, quem não reza perde-se». E por que pedir? Porque a oração pressupõe humildade. Só reza quem é humilde e se sente criatura de Deus. O pecador não quer rezar, porque isso seria reconhecer-se criatura de Deus e isso ele não suporta... Por isso não reza e por isso se perde. Já dizia Santa Teresa de Ávila, « Quem pede alcança, quem não pede, não alcança!».

Não resisto a citar completamente Santo Afonso Maria de Ligório, no seu tratado da "Preparação para a Morte" : «Coloquemos, portanto, fim a este importante capítulo resumindo todo o dito e deixando bem claro esta afirmação: que o que reza, se salva certamente, e o que não reza, certamente se condena».
Se deixarmos de lado as crianças, «... todos os bem aventurados se salvarão porque rezaram e os condenados se condenaram porque não rezaram. E nenhuma outra coisa lhes produzirá no inferno mais espantosa desesperação que pensar que lhes tinha sido coisa fácil o salvar-se, pois o teriam conseguido pedindo a Deus suas graças e que serão eternamente desgraçados, porque passou o tempo da oração.» cf Preparação para a morte, cap XXX, 2

Muitos pedem, mas não pedem o essencial. Pedem dinheiro, riquezas, saúde, amor, felicidade, solução para os problemas, mas não pedem o essencial: a salvação eterna da sua alma. E como não pedem o Deus das coisas criadas, mas as coisas criadas de Deus, não terão umas nem as outras. « Buscai , em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.» Mt 6,33 e « Pois onde está o teu tesouro aí estará também teu coração» Mt 6,21

Pedir a graça da salvação eterna, pedir a graça de ser santo e de ir para o céu. E pedir incessantemente, enquanto durar a nossa vida sobre a terra. Eis o que devemos fazer para não ir para o inferno, isto é, ir para o Céu.
« E quando orardes..., entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.» Mt 6, 5-6

« Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida. e poucos são os que o encontram.» Mt 7,13-14

A Virgem Maria e o Inferno

« Amar Maria é sinal de predestinação eterna.» S.Bernardo de Claraval.

Maria é Mãe de Jesus, o filho do Deus Vivo. Qual seria o filho que amasse a sua Mãe, e que podendo contentá-la, não o faria? Jesus, porque é a Deus podendo fazer sua Mãe feliz, não pode recusar nada, Aquela que nada lhe recusou. Faria sentido que Jesus recusasse algo Aquela que venera e ama acima de todas as criaturas a ponto de a ter escolhido para sua Mãe? Não faria. Por isso dizemos que Maria é onipotente junto de Deus, pelas suas súplicas.

Diz o evangelho, «Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso.» Se Jesus era submisso a Maria e José, na sua vida terrena, porque razão agora que está glorificado, à direita do Pai, não o continuará a ser na ordem divina? Será que seria tão ingrato a ponto de se ter esquecido de Maria e de José?

A grandeza de Jesus, diz S.Paulo reside no fato de que «Ele tinha condição divina, e não se considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até à morte e morte de cruz! Por isso Deus o sobre exaltou grandemente e o agraciou com o Nome que é sobre todo o Nome, para que ao nome de Jesus... toda a língua confesse que Jesus é o Senhor»  Fip 2,6-11

E se Jesus é o Senhor, Maria a Mãe de Jesus, é a Mãe do Senhor. Ora a Mãe de um Rei [ « Então, tu és Rei? Respondeu Jesus: " Tu o dizes: eu sou rei"» Jo 18,37 ] é uma Rainha. E é de senso comum, que o poder de uma Rainha junto do coração de um Rei, é tremendo. Por isso, repito, os cristãos afirmam que Maria é toda poderosa junto do coração de Deus, isto é, junto de Jesus, pois Jesus, como filho perfeito, deve obediência, no sentido estrito, à sua Mãe, mesmo no Céu. Não porque Maria tenha poder algum por si só. Mas o Poder de Maria, vem não dela mesmo, mas do seu poder de intercessão, já que Deus não quer recusar nada de legítimo, Aquela que venera e ama acima de todas as suas criaturas. Assim, Não devemos recear venerar Maria, pois é Deus que veneramos em Maria.

Então se Maria é Onipotente nas suas súplicas junto do Deus Altíssimo, quem melhor do que Ela, para livrar o pecador do Inferno, senão aquela que imolou o próprio filho, para satisfazer a Justiça Divina pelo pecado.

Por isso dizia S.Bernardo: «Se levantam as tempestades das tentações, se vos encontrais no meio dos escolhos das tribulações, erguei os olhos para a estrela do mar, chamai Maria em vosso auxílio; se sois sacudidos à mercê das vagas da soberba, da ambição, da maledicência, da inveja, olhai para a Estrela, invocai a Maria. Se, perturbados pela grandeza dos vossos crimes, confusos pelo estado miserável da vossa consciência, transpassados de horror com o pensamento do juízo, começais a soçobrar no abismo da tristeza e do desespero, pensai em Maria, invocai a Maria. A sua invocação, o pensamento dela não se afastem nem do vosso coração, nem dos vossos lábios; e para obterdes mais seguramente o auxílio das suas preces, não vos descuideis de imitar os seus exemplos. Seguindo-A, não vos extraviareis; suplicando-A, não desesperais; pensando nela, não vos perdeis. Enquanto Ela vos tem de sua mão, não podeis cair; sob a sua proteção, não tendes nada que temer, sob a sua guia, não há cansaço; com o seu favor, chega-se seguramente ao termo» Homil. II. De Laudibus Virg.Matris,17

Então, apoiemo-nos em Maria e supliquemos Aquela que é a nossa Mãe na ordem da Graça, pois se «Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo»Ef 1, 5 , então significa que somos irmãos de Jesus e se somos irmãos de Jesus, somos filhos de Maria, pois Maria nos tomou como seus filhos, quando Jesus disse:« Eis a tua Mãe!» Jo 19,27 Em João, estavas tu e eu! Se somos filhos de Maria, invoquemo-LA como Mãe, que o é. E qual é a Mãe quer permanece surda às súplicas de um filho em perigo de morte?

Então, supliquemos a Maria, dia e noite, que interceda por nós junto do seu Divino Filho, para que sejamos contados no número dos eleitos e dessa forma não caiamos naquele sítio que a sagrada escritura descreve como o "horror eterno": «O Senhor Todo-Poderoso as punirá no dia do juízo. Porá fogo e vermes em suas carnes, e chorarão de dor eternamente»Judite (Jt. 16,17)

Por isso digamos como Jó « O Temor do Senhor, eis a Sabedoria; fugir do mal, eis a Inteligência.» Jó 28,28. Pois os olhos do Senhor estão voltados para « o pobre e para o abatido, para aquele que treme diante da minha palavra» Is 66,2


Síntese sobre o Inferno.

Deus não é amor, para que nós sejamos maus. Se Deus fosse bom para que nós fossemos maus, Deus não seria bom. O «Temor do Senhor é o principio da sabedoria» Prov 1,7. Muitos, esquecem-se que « a sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem.» Lc 1,50 E não para aqueles que abusam dessa mesma misericórdia. Errar e pecar é humano. Amar o pecado e o erro e nele persistir é diabólico. O Amor de Deus não é um jogo. Não se é amado impunentemente por um Deus Infinito até à morte de Cruz. Quem não está convencido da seriedade da eternidade, não convence ninguém e prega um evangelho que não é o de Cristo.
Alguns dizem-se tão misericordiosos, mas no fundo são cruéis pois ao não pregarem abertamente sobre o inferno e sobre as conseqüências do pecado induzem o pecador em erro, levando-o a adiar a sua conversão e dessa forma conduzem-no ao inferno, pois este acumula, pecados sobre pecados, obstinando-se no pecado, esperançado que um dia terá perdão... Só que a muitos, a morte surpreende-os sem terem tempo de se preparar convenientemente... Já dizia Deus a Santa Catarina de Sena: « por presunção, erroneamente, firmam-se na esperança de serem perdoados, continuam a ofender-Me. Pensam poder contar com a misericórdia. Jamais ofereci ou ofereço minha misericórdia para que me ofendam. A finalidade do meu perdão é que, pela misericórdia, os pecadores se defendam do demônio e da confusão de espírito. Agem diversamente! Ofendem-Me porque sou bom!...» S.Catarina de Sena, O diálogo, 14.14

Uma eternidade sem ninguém que de fato se condenou ou se vá condenar, é uma eternidade frívola, não séria, é um inferno «light», suave . Não vale a pena lutar para evitá-lo. A proposta dos modernistas é uma proposta demagógica e autoritária. Autoritária, porque todos se salvam, ainda que não queiram. Demagógica, porque como os políticos atuais fazem promessas fáceis de eterna salvação, que logo não cumprirão, muitos descobrirão o engano quando já seja tarde; e a quem reclamarão? Não que não devamos ter esperança. Mas esta, deve ser fundamentada numa procura incessante pelo Rosto de Deus e um afastamento do pecado e das ocasiões que levam a ele. Apelar à esperança, sem apelar para uma vida séria segundo a moral cristã, longe do pecado e das suas ocasiões é pura demagogia.

Se Deus fosse misericordioso com todos os homens bons e maus, se concedesse a todos a graça da conversão antes da morte, seria ocasião de pecado até para os bons, pois induziria estes a pecar e a esperar na sua misericórdia. Mas não, quando chega ao fim das suas misericórdias, castiga e não perdoa mais « Agora chegou o teu fim: vou desencadear a minha ira contra ti e te julgarei de acordo com o teu comportamento; farei cair sobre ti as tuas abominações de acordo com o teu comportamento; farei cair sobre ti as tuas abominações. Já não terei um olhar de compaixão para ti; não te pouparei; antes, farei cair sobre ti o teu comportamento e as tuas abominações ficarão expostas no meio de ti. então sabereis que eu sou Iahweh.» Ez 7,3-4 e acrescenta « O meu olhar não se compadecerá; eu não pouparei, antes, pagar-te-ei de acordo com o teu comportamento» Ez 7,9

Se Deus quisesse com vontade eficaz a salvação de todos os homens, para quê a encarnação de seu Filho? Para quê a morte na cruz? Para quê a Igreja? Para quê o Papa, os bispos, os padres, os diáconos? Para quê os sacramentos, a liturgia, a palavra de Deus, a Bíblia...

O inferno povoa-se mais com a Misericórdia do que com a Justiça. Os modernistas de agora querem o inferno vazio até evitam falar dele - e tudo o que conseguem fazer é povoá-lo mais. São os colonizadores do inferno, pois como não avisam o homem do perigo que é transgredir a Lei de Deus, induzem este a pecar indiretamente e por isso mesmo a perder-se.

Escreve Santo Afonso Maria de Ligório « Certo autor indicava que o inferno se povoa mais pela Misericórdia do que pela Justiça divina; e assim é, porque, contando temerariamente com a misericórdia, prosseguem pecando e se condenam. Deus é misericordioso, quem o nega? E apesar de isso, a quantos hoje em dia manda a misericórdia ao inferno. Deus é misericordioso mas também é justo e por isso está obrigado a castigar a quem o ofende. Ele usa de misericórdia com os pecadores, mas só com quem após o ofender o lamenta e temem ofendê-LO outra vez: «a Sua Misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem.» cantou a Mãe de Deus. Com os que abusam da sua misericórdia para desprezá-lo, usa de justiça. O Senhor perdoa os pecados, mas não pode perdoar a vontade de pecar.
Escreve S. Agostinho que quem peca com esperança de arrepender-se depois de pecar, não é penitente, mas ri-se de Deus. Ora S.Paulo advertiu-nos que «de Deus não se zomba» Gl 6,7 . Seria gozar Deus ofendê-lo como e quanto um quer e depois ir ao céu.

Por muito incômodo que seja para o homem moderno, o que está revelado, revelado está. E não existe forma de nos evadirmos desta realidade. Não é pelo fato de não falarmos no inferno que este deixa de existir e de ser uma realidade assombrosa.
Infelizmente hoje ouvimos muitos cristãos e inclusive padres dizer em matéria de fé e moral: « a minha opinião é que...», « eu acho que...» « parece-me que...» « eu penso que...»... A esses digo:
- Mas amigo, que nos interessa a tua opinião, o teu pensamento, o teu... A nós cristãos interessa-nos o que Deus pensa, o que Deus acha e o que Deus diz. E se Deus nos diz que há inferno é porque há! ou achas que vamos ser estúpidos e fazer mais caso das tuas "filosofias de treta " do que da Palavra de Deus?
O Relativismo é fruto da soberba humana! Deus é Eterno. O que disse, está dito, quer gostemos ou não. Assim, estamos a caminho ou do Céu ou do inferno... Não há meios «que» nem «mas». Se não estamos a caminho do Céu, para o inferno iremos... Por isso, trabalhemos na nossa salvação com Amor e Temor a Deus, pois como diz S.Paulo, « meus amados... operai a vossa salvação com temor e tremor» Fil 2,12.

Que diferença! Antes dizia-se: "os que aqui entrais abandonai toda a esperança" agora afirma-se "Proibido aqui entrar". Antes os maus iam para o inferno. Agora, se existe inferno, Deus é mau! Agora, não são os homens que têm que obedecer a Deus, Deus é que têm que se adaptar aos homens.

Os modernistas de agora, resolveram re-inventar o evangelho e suprimiram a doutrina do Inferno dos púlpitos e das catequeses pois não querem "ferir susceptibilidades" ou " instalar psicoses de medo"... Numa palavra, não querem desagradar ao mundo, pois correriam o risco de serem chamados de "loucos" e de "ultrapassados"! Não percebem que a «sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus» 1 Cor 3,19.
Mas como se identificaram com o mundo, a eles aplica-se aquela palavra de Deus «Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. » Jo 2,15 E senão está nele o amor do Pai, diz Jesus: «Se alguém não permanece em mim é lançado fora, como o ramo e seca; tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e se queimam.» Jo 15,6 .

Hoje prega-se um evangelho manco, um evangelho de moeda com uma face, isto é, um evangelho deficiente pois já não se fala dos novíssimos do homem " salvo raras exceções", da graça santificante e atual, do pecado mortal... E que se conseguiu com isso? Sempre que a luz se ofusca, avançam as trevas! Queixam-se que, as igrejas estão vazias, há falta de vocações, que os seminários estão vazios... Mas senão acreditam na eternidade, como podem convencer alguém a abandonar tudo por Cristo?

Sem eternidade é impossível existir vocações à vida consagrada. Humanizaram de tal maneira Jesus, que se esqueceram que ele é Deus. Assim fizeram um cristianismo horizontal: do homem para o homem. E se o homem é relativo nas suas posições morais e de fé, Jesus Cristo porque é homem, também o é. Então, segundo essa forma de pensar, tudo é relativo. E tudo é de tal forma relativo que absolutizaram a relatividade. É a ditadura de relatividade. A verdade é relativa, mesmo a verdade de Cristo!!! E aí de quem prega novamente as verdades eternas e os dogmas da Santa Igreja de Deus! Esse é um fundamentalista, um tradicionalista, numa palavra, um retógrado, estagnou no tempo...

Hoje só se fala de amor mas esquecem-se os cupidos do Amor, que amar para Deus têm significado diferente do que têm para o homem « Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama» Jo 14,21 Isto é: quem não os guarda e observa não me ama e engana-se a si próprio! É claro como a água.

Sempre existiram dois caminhos para chegar até Deus. Um mais perfeito do que o outro.O Amor e o Temor. Da mesma forma que um carro tem um acelerador e um freio. Da mesma forma, na estrada da vida, devemos acelerar no Amor de Deus e travar perante o pecado, pelo temor de Deus. O que seria de um carro só com acelerador? Na primeira curva despistava-se. De mesma forma, não existe outra forma de caminharmos para Deus. Evitar o pecado, pelo temor de ofender a Deus, Pai Infinitamente Bom e se isso não chegar, pelo medo dos castigos do inferno, com que nos ameaça a justiça divina; e pelo amor a Deus e aos irmãos levado ao sacrifício.

«Se Deus pudesse mudar os Seus ensinamentos não seria Deus. A palavra de Deus não se modifica, não muda, não mudará jamais; ela é eterna como Deus. Ora, Deus deu aos homens uma norma de vida, o mandamento do Amor, mas disse também que o amor a Deus deve estar unido ao Temor de Deus. Tal como o amor é um dom que se deve pedir sem cessar, também o temor de Deus é um grande dom. Teme o Senhor que passa! Mas os homens desta geração verdadeiramente perversa deformaram tudo e tentam demolir tudo. Do temor de Deus, hoje já não se fala, fala-se de amor a Deus, mas do temor, não, porque eles dizem que o temor não se concilia e não se pode conciliar com o amor. Tal como na sua insensatez acham inconciliáveis Misericórdia e Justiça, assim acham inconciliáveis o amor e o Temor de Deus. Em suma, hoje aceitam-se as coisas que convêm e repudiam-se as que perturbam...Quem fala ainda do Temor de Deus? Quem fala ainda da Justiça Divina? Quem fala ainda da presença de Satanás no mundo?... Deus é terrível na sua Cólera. Ai dos que desafiam a cólera de Deus, repousando na cômoda idéia de que em Deus não há senão Amor e Misericórdia! Muitos condenados quereriam poder voltar atrás para reformar as suas idéias, pois agora vêem e compreendem claramente o astucioso engano de Satanás e a sua feroz maldade... Os homens dizem que não temem a Deus; isto é uma terrível blasfêmia, de que se pode prever as terríveis conseqüências nesta Terra e para além da vida terrena, ...» Jesus a D.Ottavio Michellini, Jesus aos seus Sacedotes e fieis.

Assim, citando dois grande papas:

Ensinava Pio XII « A pregação das primeiras verdades da fé e dos fins últimos não só não perdeu oportunidade nos nossos tempos, mas está a ser mais necessária e urgente do que nunca. Incluindo a pregação sobre o inferno. Sem dúvida que devemos tratar este assunto com dignidade e sabedoria. Mas quanto à substância mesma dessa verdade, a Igreja tem, diante de Deus e dos homens, o sagrado dever de anunciá-la, de ensiná-la sem nenhuma atenuação, como Cristo a revelou e não existe nenhuma condição temporal que possa diminuir o rigor desta obrigação. Isto obriga em consciência a todo o sacerdote a quem, no ministério ordinário ou extraordinário, confiou-se o cuidado de governar, avisar e guiar os fiéis. É verdade que o desejo do céu é um motivo em si mais perfeito que o temor da pena eterna; mas de isso, não se segue que seja também para todos os homens o motivo mais eficaz para tê-los longe do pecado e convertê-los a Deus.» PIO XII Exortação aos párocos e pregadores na Quaresma de 1949.

E João Paulo II na Exortação Apostólica pós sinodal " Reconciliatio et paenitencia" 26, diz: « A Igreja tampouco pode omitir, sem grave mutilação da sua mensagem essencial, uma constante catequese sobre o que a linguagem do cristão tradicional designa como os quatro novíssimos do homem: morte, juízo (particular e universal), inferno e glória. Numa cultura, que tende a encerrar o homem na sua vicissitude terrena mais ou menos acessível, se pede aos pastores da Igreja uma catequese que abra e ilumine com a certeza da fé no mais além da vida presente; mais além das misteriosas portas da morte se perfila uma eternidade de gozo na comunhão com Deus ou de dor longe dele. Somente nesta visão escatológica se pode ter uma medida exata do pecado e sentir-se impulsionado decididamente à penitência e à reconciliação.»

Então há que catequizar sobre estes temas de forma a que aqueles que nos ouvem percebam que não queremos que vão para o inferno, mas que a isso nos obriga por dever de sermos fiéis ao evangelho e a Cristo. Pois como dizia S.João Crisóstomo « Deus não nos ameaça com o inferno porque quer condenar-nos, mas para que nos livremos de ele»De poenit.hom.3

E termino com a Palavra do Deus Vivo « Teme a Deus e observa seus mandamentos, porque este é o dever de todo o homem. Porque Deus julgará toda obra, até mesmo a que está escondida, para ver se é boa ou má» Ecles 12,13-14.


Conclusão

Para terminar quero só citar as revelações de Jesus a Santa Josefa Menedez, tiradas da sua obra, "Convite a uma vida de Amor", de Soror Josefa Menendez, que pela sua seriedade e beleza fazem pensar...

(Revelações tiradas de Convite a uma Vida de Amor,
de Sóror Josefa Menendez, 2a. ed., 1948, das págs. 94 a 133).

Ensinar-te-ei os meus segredos de amor, e tu serás exemplo vivo da minha Misericórdia, porque, se tenho tanto amor e predileção por ti que não és mais que miséria e nada, que não farei Eu por muitas outras almas mais generosas do que tu?
Farei conhecer que a minha obra repousa sobre o nada e a miséria, e que esse é o primeiro anel da cadeia de amor que desde toda a eternidade preparo às almas.

Farei conhecer até que ponto o meu Coração as ama e lhes perdoa. Vejo o íntimo das almas. .... O ato de humildade que fazem reconhecendo sua fraqueza. .... Pouco se Me dá a fraqueza delas. .... Supro o que lhes falta.

Farei conhecer como é que o meu Coração se serve dessa fraqueza para dar a vida a muitas almas que a perderam. Farei conhecer que a medida do meu Amor e da minha Misericórdia para com as almas caídas não tem limites. ....

Se tu és um abismo de miséria, Eu sou um abismo de Bondade e Misericórdia. O meu Coração é teu refúgio. Vem procurar nele tudo aquilo de que precisas, ainda mesmo que se trate de coisa que Eu te peça.

Não julgues que deixarei de amar-te por causa das tuas misérias, não: meu Coração ama-te e não te abandonará jamais. Bem sabes que é propriedade do fogo abrasar e destruir: assim é próprio do meu Coração perdoar, purificar e amar.

Não te disse muitas vezes que o meu único desejo é que as almas Me dêem as suas misérias? Se não ousas aproximar-te de Mim, aproximar-Me-ei Eu de ti.

Quanto mais fraquezas encontrares em ti, tanto mais Amor encontrarás em Mim. Pouco Me importam as tuas misérias, o que Eu quero é ser o Dono de tua miséria.

A tua pequenez dá lugar à minha grandeza. .... A tua miséria e mesmo os teus pecados dão lugar à minha Misericórdia. .... A tua confiança atrai o meu Amor e a minha Bondade.

Não vos peço senão aquilo que tendes. Dai-Me o vosso coração vazio e Eu o encherei; dai-Mo despido de tudo e Eu o revestirei; dai-Me as vossas misérias e Eu as consumirei. O que não vedes, Eu vo-lo mostrarei ... Pelo que não tendes, responderei Eu.

Há muitas almas que crêem em Mim, mas poucas que acreditam no meu Amor; e, entre as que acreditam no meu Amor, são pouquíssimas as que contam com a minha Misericórdia. ....

Se peço amor em correspondência ao que Me consome, não é o único retomo que desejo das almas: desejo que creiam na minha Misericórdia, esperem tudo da minha Bondade, e não duvidem nunca do meu perdão.

Sou Deus, mas Deus de Amor! Sou Pai, mas Pai que ama com ternura e não com severidade. O meu Coração é infinitamente santo, mas também é infinitamente sábio e, como conhece a miséria e a fragilidade humanas, inclina-se para os pobres pecadores com Misericórdia infinita.

Amo as almas depois que cometeram o seu primeiro pecado se vêm pedir-Me humildemente perdão. .... Amo-as ainda, quando choram o seu segundo pecado e, se isso se repete, não digo um bilhão de vezes, porém milhões de bilhões de vezes, amo-as e perdôo-lhes sempre e lavo no meu Sangue o último, como o primeiro pecado!

Não Me canso das almas e o meu Coração espera sempre que venham refugiar-se nEle, por mais miseráveis que sejam! Não tem um pai mais cuidado com o filho que é doente, do que com os que têm boa saúde? Para com esse filho, não são maiores as suas delicadezas e a sua solicitude? Assim também o meu Coração derrama sobre os pecadores, com mais liberalidade do que sobre os justos, a sua compaixão e a sua ternura.

Quantas almas encontrarão a vida nas minhas palavras! Quantas cobrarão ânimo ao ver o fruto dos seus esforços: um pequeno ato de generosidade, de paciência, de pobreza, pode vir a ser um tesouro e ganhar para o meu Coração um grande número de almas. .... Eu não atendo à ação: atendo à intenção. O menor ato, feito por amor, pode adquirir tanto mérito e dar-Me tanta consolação! O meu Coração dá valor divino às menores ações. O que quero é amar. Não procuro senão amor. .... Não peço senão amor.

O fogo eterno do Inferno será a merecida paga pelo Amor de Deus desprezado, calcado aos pés...»   

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