Blog Alma Missionária

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013




O PURGATÓRIO

As almas dos justos que no instante da morte têm pecados veniais ou penas temporais devidas, vão ao purgatório. (de fé.)

O purgatório (= lugar de expiação) é um lugar e estado aonde se sofrem temporariamente castigos de expiação.

Os concílios de Lyon e Florença fizeram a seguinte declaração contra os gregos cismáticos, que se opunham principalmente à existência de um lugar especial de purificação , ao fogo do purgatório e ao caráter expiatório das suas penas: « As almas que partiram deste mundo em caridade com Deus, com verdadeiro arrependimento dos seus pecados, antes de terem satisfeito com verdadeiros frutos de penitência pelos seus pecados por obras e omissões, são purificadas depois da morte com as penas do purgatório»; Dz 464,693 ; cf Dz 456,570s.

No Catecismo da Igreja Católica é dito:

1030 Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

1031 A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobre tudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: (Parágrafos relacionados 954,1472). No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro [a21].

1032 Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele (Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o SACRIFÍCIO EUCARÍSTICO, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: (Parágrafos relacionados 958,1372,1479) Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai [a23] que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.

E o concílio de Trento afirma: Decreto sobre o Purgatório

983. Já que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, apoiada nas Sagradas Letras e na antiga Tradição dos Padres, ensinou nos sagrados Concílios e recentemente também neste Concílio Ecumênico, que existe purgatório [cfr. n° 840], e que as almas que nele estão detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do altar[cfr. n° 940, 950], prescreve o santo Concílio aos bispos que façam com que os fiéis mantenham e creiam a sã doutrina sobre o purgatório, aliás transmitida pelos santos Padres e pelos Sagrados Concílios, e que a mesma doutrina seja pregada com diligência por toda parte. Sejam, outrossim, excluídas das pregações populares à gente simples as questões difíceis e sutis e as que não edificam (cfr. l. Tim l, 4) nem aumentam a piedade» Sessão XXV (3 e 4-12-1563)

S.Pio X no seu catecismo maior definia o purgatório como "o sofrimento temporário da privação de Deus e outras penas que apagam da alma todos os restos de pecado."

A Sagrada escritura ensina diretamente a existência do purgatório concedendo a possibilidade de uma purificação na vida futura.

Segundo 2Mc 12,42-45 Os judeus oraram pelos caídos a fim de que o Senhor lhes perdoasse os pecados; para isso enviaram 2000 dracmas de prata a Jerusalém para que se fizessem sacrifícios pelo pecado. Estavam pois convencidos de que aos defuntos, se lhes pode livrar do seu pecado por meio da oração e sacrifício. O próprio hagiógrafo do livro sagrado no versículo 45 diz « Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado.»

As palavras de Jesus em Mt 12,32 «Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas se disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.» admitem a possibilidade de que outros pecados se perdoem não só neste mundo, mas também no outro. S.Gregório Magno comenta«nesta frase se nos dá a entender que algumas culpas se podem perdoar neste mundo e algumas também no futuro» Dial. IV 39.

Natureza do suplício do Purgatório

No Purgatório distingue-se de maneira análoga ao Inferno, uma pena de dano e outra de sentido.

A Pena de dano consiste no adiamento temporal da visão beatífica de Deus. Como já aconteceu o juízo particular, a alma sabe que a exclusão é somente de caráter temporal e possui a certeza de que no fim possuirá a bem-aventurança. Dz 778

As almas do purgatório têm consciência de ser filhos e amigos de Deus e suspiram por unir-se intimamente com ele. De aí resulta que essa separação temporal seja para elas mais dolorosa.

À pena de dano, acrescenta-se a pena dos sentidos. Tendo em conta a passagem bíblica de 1 Cor 3,15, a generalidade dos santos e teólogos supõe a existência de um fogo físico, diferente em natureza do nosso fogo terreno, como instrumento externo de castigo. No entanto a Igreja, nas suas declarações oficiais, nunca falou em fogo do purgatório, mas somente nas penas do purgatório. Dz 464, 693.


Objeto da Purificação

Na vida futura, a remissão dos pecados veniais ainda não perdoados, efetua-se, segundo doutrina de S.Tomás de Aquino (De malo 7,11) de maneira semelhante que nesta vida: por um ato de contrição perfeita realizada com ajuda da graça divina. Este ato de arrependimento que se faz imediatamente depois de entrar no purgatório, não causa supressão ou diminuição da pena (na vida futura não existe possibilidade de merecer), mas unicamente a remissão da culpa.

As penas temporais devidas pelos pecados são cumpridas no purgatório por meio de sofrimento expiatório, isto é, por meio da aceitação voluntária dos castigos purificativos impostos por Deus.


Duração do Purgatório

O purgatório não subsistirá depois de ter tido lugar o juízo universal (sentença comum).

Depois do Soberano Juiz pronunciar a sua sentença no Juízo Universal (Mt 25,34-41) não existirá mais do que dois estados: o do Céu e o do Inferno.

Para cada alma o Purgatório durará até que se atinja a completa purificação de todo o vestígio de culpa e pena. Uma vez terminada a purificação será recebida na bem-aventurança do Céu. Dz 530,693.


Notas:

1) Cf Manual de Teologia Dogmática, Ludwig Ott, Biblioteca Herder, Escatologia
2) Cf Artigo do R.P. Carlos M. Buela, Um inferno "Light", revista Dialogo nº 15
Siglas:
s = seguinte;
ss= seguintes;
Dz = Denzinger, Magistério da Igreja.
cf= confere;

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